quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Terra Firme - filme

Terra Firme, do diretor italiano Emanuele Crialese, filme franco-italiano.

                                                                                         Rosa Jeni Matz

Sempre gostei de filmes italianos embora não os tenha assistido muito atualmente. Gosto deles, pois mostram os costumes e a língua greco-romana, que também nos aproxima. E, além disso, a dimensão do trágico/do desejo/do gozo na vida e na morte está presente em sua cultura.
A ética é o fio condutor do filme. Lembrou-me a Antígona de Lacan, que luta pela lei dos deuses contra a lei da cidade de Creonte (seminário 7, a ética da psicanálise).
O avô de Filippo é a Antígona do filme, que segue a lei do seu desejo, de pescador, de nunca abandonar um ser humano no mar. A polícia, lei da cidade, confisca o seu barco, o impedindo de pescar, pois salvou alguns africanos em seu barco, ação proibida por lei, inclusive uma mulher grávida e seu filho que esconde em sua casa para não serem deportados. O avô, quase morre pelo seu desejo, ao salvá-los da morte no mar, dimensão trágica de Antígona.
A mãe de Filippo faz o parto, salvando mãe e filha, esta resultado de violência e abuso sexual sofrido pela mãe.
O jovem Filippo, ao se aproximar do sexo no mar, encontra a angústia. Surgem do mar, avançando em sua direção, africanos sedentos de braços amigos (terra firme). Não sabendo como lidar, Filippo não permite que entrem no barco, agindo com violência sobre as mãos dos africanos. Enquanto as mãos de sua mãe dão vida a uma menina africana, surgindo a bela frase no filme dita pela africana à mãe de Fillipo, mais ou menos assim: “minha filha para de chorar, pois sente o cheiro de suas mãos, que foram as primeiras em sua vida”. Já Filippo não consegue dar as mãos aos africanos. Um jovem esmagado pela angústia entre a demanda do avô e a demanda da polícia. Em tempo posterior, resolve esta angústia pelo ato. Traz para si a responsabilidade.
A ilha de Lampedusa está aí. Milhares de negros que lutam pela imigração, frutos da pobreza. Não podemos fechar os olhos. Todos nós somos responsáveis. Tudo isso é triste e vergonhoso!
O filme trata da dignidade humana.

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