Jardim lacaniano

quinta-feira, 13 de março de 2014

Ela - filme her/dela/sua

Ela -her -filme
her (em letra minúscula), filme dirigido por Spike Jonze.

A tradução do título não é Ela, que seria em inglês She, sujeito, mas sim sua, dela.

Theodore escreve cartas para outras pessoas. Triste com o final de um casamento, ele se conecta com um novo e avançado sistema operacional, onde conhece "Samantha", uma voz feminina que lhe desperta desejo e por ela se apaixona. É um filme sobre o gozo, objeto a, voz, de Lacan. No processo de constituição do sujeito ocorre uma perda, resultado do encontro do sujeito e do Autre (Outro). Esta perda é o objeto a, face de desejo e face de gozo. A voz é um objeto a, como o seio, as fezes e o olhar. Uma pinta, um estrabismo, um modo de cruzar as pernas, podem despertar o desejo de um homem. E por que não uma voz? Neste filme a voz, embora numa inteligência artificial, é real. Quais as fronteiras atuais entre o real e o virtual? Também a escrita de Theodore é efeito de sua voz, de sua fala. Desperta desejo daquele que lê a sua escrita/carta (lettre). É um filme sobre o homem, a linguagem e o gozo, sem corpo, incorpóreo. É possível se apaixonar por uma voz, por uma pinta, por um olhar... E a voz também como qualquer objeto se perde. No final o ombro, outro objeto, é o suporte dela, her, “amiga” dele. Grande filme do presente futuro!
Postado por Rosa Matz às 15:01 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: Autre, desejo, Ela-her-filme, gozo, lettre, objeto a, perda do objeto, Real, sujeito, voz

quarta-feira, 5 de março de 2014

Renúncia ao gozo; impossibilidade x possibilidade, ética x moral, dívida simbólica.




Renúncia ao gozo; impossibilidade x possibilidade, ética x moral, dívida simbólica.

-da renúncia ao gozo
-da impossibilidade x proibição
-da ética x moral (Lei x código)
-da dívida simbólica.


A renúncia ao gozo é fundamental para a constituição do sujeito. Ao renunciar ao gozo, ao afirmar a castração, o sujeito está aceitando a perda de gozo necessária para o seu convívio no social. Está se afastando da relação incestuosa, aceita a Lei do desejo. É através dessa perda de gozo, que o objetoa pode aparecer nas formas de seio, fezes, olhar e voz, que seriam as partes que o sujeito cede em sua relação com o Outro.

A impossibilidade é da lógica do Real. É impossível “acessar” ao Real, só “acessamos” a pedaços do Real. Um exemplo desta lógica do Real: muitas vezes escutamos na clínica um paciente dizer: “não consigo fazer isso”. Na lógica do possível, algo pode estar inibindo o sujeito, inibição, ou um sintoma, um conflito pode estar por trás disso. Na impossibilidade o “não consigo” aponta para o Real, seria como um sujeito já lesionado gravemente sofrer por não conseguir realizar algo que o órgão já lesionado, irreversível, o impede de realizar. É necessário o paciente aceder a orientação do Real quando ele urge. Ao Real é o impossível...

A proibição, a proibição do incesto, lei universal, seria colocada pela Lei simbólica, atenderia ao Simbólico, à Lei. No obsessivo o desejo aponta para a sua proibição.

Lacan diz, e concordo, que o estatuto do inconsciente é ético (em Os 4 conceitos fundamentais da psicanálise, p. 37, Zahar, 1995), e não ôntico. A Lei, proibição do incesto, o desejo sempre insatisfeito, e o objeto é desde sempre perdido. O código está no Outro, o tesouro dos significantes, e implica em respostas as demandas vindas do/para o sujeito. A moral visa o Bem, enquanto o recalque/inconsciente “barra” o Bem, que perde gozo..

A dívida simbólica se refere também à perda de gozo que o sujeito sofreu ao aceder ao social. Ao se deixar barrar pela Lei simbólica, da proibição do incesto, o sujeito internaliza esta proibição. O assassinato do pai primevo pelos filhos-irmãos, e depois a simbolização deste ato, o parricídio, o pecado original, tem um preço. A morte do pai reforça a interdição do gozo, e não a libera. A interdição, Lei fundadora, constitui o sujeito como desejante, e então o gozo se torna parcial. Qualquer exercício de gozo engendra a dívida simbólica, na medida em que implica numa transgressão à Lei do desejo.
Postado por Rosa Matz às 05:30 Nenhum comentário:
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores: dívida simbólica, ética, impossibilidade, inconsciente ético, inibição, interdição, Lacan, Lei, pai primevo, pecado original, possibilidade, proibição do incesto, Real, renúncia ao gozo, transgressão
Postagens mais recentes Postagens mais antigas Página inicial
Assinar: Postagens (Atom)

Quem sou eu

Minha foto
Rosa Matz
Sejam bem-vindos neste site de psicanálise,de estudos lacanianos,de filosofia. Através de nossas trocas, de "savoir-faire", podemos inventar felizes encontros teóricos e de vida. Grupos de estudos online: rosajmatz@gmail.com Instagram @rosajenimatz
Ver meu perfil completo

Arquivo do blog

  • ►  2024 (1)
    • ►  dezembro (1)
  • ►  2022 (1)
    • ►  junho (1)
  • ►  2021 (1)
    • ►  dezembro (1)
  • ►  2020 (3)
    • ►  novembro (3)
  • ►  2019 (2)
    • ►  outubro (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2018 (1)
    • ►  agosto (1)
  • ►  2017 (1)
    • ►  novembro (1)
  • ►  2016 (2)
    • ►  novembro (1)
    • ►  julho (1)
  • ►  2015 (2)
    • ►  junho (1)
    • ►  março (1)
  • ▼  2014 (8)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (2)
    • ►  abril (2)
    • ▼  março (2)
      • Ela - filme her/dela/sua
      • Renúncia ao gozo; impossibilidade x possibilidade,...
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2013 (14)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (2)
    • ►  maio (2)
    • ►  abril (1)
    • ►  janeiro (8)
  • ►  2011 (1)
    • ►  março (1)

Seguidores

Tema Marca d'água. Tecnologia do Blogger.