O
Inconsciente Real.
As manifestações das ruas brasileiras em junho de 2013.
Rosa Jeni Matz
As
manifestações organizadas pelas redes sociais em junho em nosso país são
efeitos do inconsciente real. A partir daí surgem singularidades e uma nova
ordem social, apartidária, sem transferências, sem lideranças de um modelo
paterno.
Pensando
com Freud: em qualquer erupção do inconsciente emergem tanto pulsões de vida,
de amor, Eros, que seriam os laços fraternos das manifestações, quanto pulsões
de morte, algumas enlaçadas a Eros, onde o ódio, a agressividade a um poder
instituído que violenta de modo econômico, ético e social o povo, aparece numa
modalidade crítica, denunciativa, visando mudanças fundamentais. Mas, o ódio
pode surgir de um modo destrutivo, solto, não-vinculado, como o vandalismo, o
quebra-quebra, onde a capacidade de simbolizar fica submetida à ação imensa
destrutiva de alguns homens.
Lacan,
em seu ensino, desenvolve a questão do inconsciente em 2 momentos:
De
início, retornando a Freud:
- o inconsciente freudiano, inconsciente simbólico, transferencial. Este é o inconsciente do drama edípico, da universalidade do Édipo, o inconsciente do recalque, o inconsciente como saber, do sujeito suposto saber, inconsciente que pede interpretação. O modo de gozo é fálico, atende às medidas, aos limites.
Já em seu último ensino, Lacan apresenta o inconsciente real, devido à mudança cultural onde o gozo impera como absoluto. A meu ver, estas manifestações das ruas, políticas, apontam para o inconsciente real, traumático, onde o traumático se fez aparecer. Ato de surpresa, sem sujeito, horizontal, várias tribos, sem sentido e interpretação. De uma imanência onde um significante transcendente surge: MPL, Movimento Passe Livre. Penso no passe lacaniano onde o sujeito analisando manifesta o seu desejo de ser psicanalista. A manifestação das ruas é um ato, de ruptura e responsabilidade, mas também em alguns momentos percebemos acting-out, e passagens ao ato. O sentido se desfez aparecendo o non-sense, sem sentido, que é o inconsciente real. Este inconsciente está além da interpretação, fora do sentido, sendo que a busca é pela redução do sentido, para tentar alcançar o real que nos escapa.
- o inconsciente freudiano, inconsciente simbólico, transferencial. Este é o inconsciente do drama edípico, da universalidade do Édipo, o inconsciente do recalque, o inconsciente como saber, do sujeito suposto saber, inconsciente que pede interpretação. O modo de gozo é fálico, atende às medidas, aos limites.
Já em seu último ensino, Lacan apresenta o inconsciente real, devido à mudança cultural onde o gozo impera como absoluto. A meu ver, estas manifestações das ruas, políticas, apontam para o inconsciente real, traumático, onde o traumático se fez aparecer. Ato de surpresa, sem sujeito, horizontal, várias tribos, sem sentido e interpretação. De uma imanência onde um significante transcendente surge: MPL, Movimento Passe Livre. Penso no passe lacaniano onde o sujeito analisando manifesta o seu desejo de ser psicanalista. A manifestação das ruas é um ato, de ruptura e responsabilidade, mas também em alguns momentos percebemos acting-out, e passagens ao ato. O sentido se desfez aparecendo o non-sense, sem sentido, que é o inconsciente real. Este inconsciente está além da interpretação, fora do sentido, sendo que a busca é pela redução do sentido, para tentar alcançar o real que nos escapa.